terça-feira, 24 de junho de 2014

Os Melhores Jogos Do Ano: Angels vs Texas Rangers, 21/06/14

Howie Kendrick foi o herói do jogo. Mas não era pra ter sido.

Eu falei lá no outro texto, sobre o jogo contra os Braves, que era muito cedo para escolher um jogo como "O Melhor do Ano". ainda estamos em junho, só tivemos 3 meses de baseball e ainda temos pelo menos mais três. E eu estava certo.

Jogo contra os Rangers já não é um jogo comum. Até mesmo quando não vale nada. Toda a rivalidade acumulada por décadas na American League West é convergida num único jogo.

Texas é aquele rival que você sabe que são melhores, e se sente torcendo para os Angels como o azarão contra eles. Não a toa os Rangers ganharam 16 das últimas 20 séries contra os Halos, e não são varridos por nós desde 2008.


Mas esse jogo era especial. Pela rivalidade, pela aura, pelo momento.

Momentos antes, os Angels divulgavam a rescisão do contrato com Raul Ibañez. Um pedido dos fãs que dura desde o meio de abril. E Raulzito não estava mesmo ajudando em nada. .157 de Batting Average, 3 Home Runs. Em quase 200 at-bats, isso é muito pouco.

Era a grande chance de C. J. Cron se mostrar como o grande rebatedor que é na posição de DH, na qual o velho vinha mofando.

Outra razão para o jogo ser especial é que, nesse ano, os papéis na história recente estão invertidos. Angels com uma campanha de 39-33, em 2º na AL West, e os Rangers com 35-38, em 4º. Isso deu um ar de superioridade à torcida, que aproveita desde o começo do ano para dar aquela cutucada nos fãs texanos.

Esse era o background do jogo. Expectativa por Cron, expectativa por um bom jogo, Expectativa por Grant Green, que vinha das Minors, Expectativa por Weaver no montinho, com seu record de 9-0 em casa contra Texas.

Mas a partida começou mal, pelo menos para os Angels. Double para Leonys Martin já no primeiro duelo do jogo. Eventualmente, anotou a corrida com 2 GroundOuts dos seus companheiros atacantes. 1-0 Texas, na primeira entrada.

No ataque seguinte, na 2ª entrada, os Rangers conseguiram outro LeadOff Double, dessa vez com Alex Rios, mas esse parou na 3ª base no final da ofensiva.

Enquanto Jered Weaver tinha pequenos problemas no comando dos arremessos, Nick Martinez estava automático. Por 5 entradas segurou um Jogo Perfeito, um feito quase impossível de acontecer ao final das 9 entradas.

Jogo Perfeito significa não deixar NENHUM adversário chegar em base, seja por rebatida, erro, Walk, Hit-By-Pitch ou até aqueles Strikeouts em que o catcher não pega a bola. Enfim, só houveram 23 jogos perfeitos na HISTÓRIA da MLB. Por isso o Hype em cima de Martinez era tão alto.

Mas se ele tinha a habilidade, os Angels tinham Hank Conger, o Catcher Reserva Switch-Hitter!

Tá, e dai?

E daí?

E daí que Conger, o asiático, com toda a atleticidade de seu corpinho roliço rebateu uma Dupla para a esquerda, acabando com o perfecto e levando o Angel Stadium à loucura.

"Eles não queriam que a história fosse feita contra seu próprio time", disse o narrador da Fox Sports 1, que transmitia o jogo.

E não foi em vão. David Freese e Efren Navarro (vindo das minors NO DIA DO JOGO) rebatem GroundOuts e impulsionam Conger para a Plate. Jogo empatado em 1.

Jogo Perfeito, No-Hitter e ShutOut quebrados na mesma entrada. Esse era o momento.

Pulamos para a 8ª. Weaver dá seu 108º e último arremesso para eliminar Elvis Andrus por Foul Out, fechar a entrada e sair do jogo. Cedeu 4 Rebatidas, 1 Corrida, 2 Walks e 5 Strikeouts em uma performance digna de seu renome de Ace.

Parte de baixo da entrada. Martinez entra, ainda com o 1-Hitter a zelar, para enfrentar o novo DH do time, C. J. Cron. Cron este que já tinha rebatido um quadrangular no jogo anterior, sexta-feira, para abrir o marcador do time da casa numa vitória por 7-3. Cron este que viria a rebater OUTRO Home Run no próximo jogo, domingo à noite, para comandar a varrida em Texas. Estava motivado pela nova chance no elenco, e não queria deixar essa oportunidade passar.

E não deixou.

Rebateu a bola pro lado do Out-Of-Town Scoreboard, que marca o placar dos outros jogos do dia, e a bola foi parar nas arquibancadas. 2-1 Angels. De virada.

O Rookie vira o herói da noite, todos que apostaram nele tinham lágrimas nos olhos por mais esse momento Clutch em sua breve carreira.

Acaba a entrada, e Scioscia tem uma decisão a tomar. Em qual pitcher posso confiar para arremessar a 9ª de um jogo muito apertado contra um rival de divisão?

Weaver já tinha 108 arremessos, melhor não colocar ele cansado para enfrentar os 3-4-5 de Texas. Rasmus é inconsistente, Bedrosian foi mandado pra Salt Lake, Carpenter acabou de subir, Morin é "inexperiente" e ninguém confia mais em Frieri.

Sobram Joe Smith e Kevin Jepsen.

Foi descoberto depois que a escolha óbvia para essa situação estava com torcicolo, decorrente do jogo do dia anterior. Mas na hora, no calor do momento, ninguém entendeu porque Kevin Jepsen atravessava o Outfield para arremessar a derradeira entrada.

Entra Jepsen, todo orgulhoso de suas 19 entradas seguidas sem ceder corridas (merecidas), e leva um tapa na cara já no primeiro duelo.

E doeu. Doeu até aqui.

Home Run para Shin Sho-Choo, e o jogo está empatado. Mike Trout até tentou ser um Deus e escalou o muro feito um macaco, mas a bola estava fora até do alcance dele.

Toda a raiva do Angel Stadium, de Anaheim, dos Estados Unidos, dos torcedores brasileiros e do mundo inteiro caem sobre ele. O Caps Lock é ativado por todo o Twitter para gritar com o Reliever destro. Não importa que ele fez 2 Strikeouts para acabar a entrada. Não importa que sua FastBall chegou a 97 mph. Ele entregou a liderança para o rival, e isso é imperdoável.

12º Blown Save do ano para os Angels, pior marca da American League. Contra Texas. Na 9ª entrada. Jogando fora a possibilidade de vitória para as 8 maravilhosas entradas de Weaver, jogando fora todo o momento épico e heroico de C. J. Cron.

O ataque é eliminado em sequência na Bottom 9th, e nós vamos (de novo) para as entradas extras.

Começa o #FreeBaseball. Aquele momento em que você não tem a mínima ideia de quando o jogo vai acabar e que a cada jogada aguda os níveis de adrenalina explodem e a pressão arterial passa dos valores recomendáveis por especialistas.

As entradas extras começam com Mike Morin no montinho. Bom arremessador que é, elimina os 2 primeiros rebatedores por Strikeout.

Um pequeno adendo. Michael Choice, mais conhecido como o 2º K de Morin, foi expulso do jogo após a eliminação por discutir bolas e strikes com o umpire da Home Plate, Vic Carapazza. Essa é a forma mais estúpida de ser ejetado de um jogo (a não ser discutir uma marcação após um Replay, né Ron Washington?).

O Umpire é soberano na marcação da Zona de Strike. Tudo bem que ela é um quadrado imaginário, mas não dá pra contestar o juiz que chama as jogadas. E ponto.

Continuando a entrada, Mike Morin acerta Rougned Odor com a bola e este recebe a 1ª base com 2 eliminados.

Leonys Martin no Batter's Box com um homem em base. Chance de consagração.

Mas as atenções não estavam nele.

Depois de alguns PickOffs em Odor, o banco de Texas começa a se alvoroçar pedindo um Balk de Mike Morin no montinho, alegando que ele abaixava a mão após fazer a clássica pose de "preparado" ao fazer os PickOffs.

Seria esta a 2ª vez seguida que um pitcher novato dos Angels ia fazer o erro mais bobo para um arremessador na 10ª entrada de um jogo chave? Cam Bedrosian fez isso contra Atlanta e foi mandado para Salt Lake sem dó nem piedade.

Erick Aybar, o defensor-maravilha dos Halos, percebe isso e vai dar uma conversada com Morin no monte, falando do movimento ilegal e acalmando-o.

Morin se recompõe e alguns arremessos depois, elimina Leonys Martins por Strikeout.

Que entrada do Pitcher revelação do Bullpen desse ano! 3 K's em entradas extras é um feito a se orgulhar. Mas o melhor disso foi: ele deixou os Angels com a possibilidade de vencer o jogo.

E o ataque percebeu isso. Mas quem estava na Plate para começar a Bottom 10th era Josh HamiltonEle que estava num jejum de rebatidas desde que voltou da DL, rebatendo 5-24 nos últimos 7 dias.

Mas ele não queria saber de pessimismos e botou o bastão na bolinha para um Infield Single para abrir entrada.

Ok, homem em base, 0 outs, entradas extras. Hora do Bunt. E o encarregado foi Howie Kendrick.

Tentando não se envolver numa Double-Play (o que é raro), HK47 mostra Bunt com seu taco, mas a primeira vai para fora (nem pra bunt ele serve, parece o C. J. Wilson...).

Nesse momento, o narrador da FS1 estava prá lá de exaltado com a ordem da rebatida de sacrifício, achando que Kendrick poderia fazer muito mais com o bastão do que avançar Josh para a 2ª base. Quem estava mais ansioso ainda era o próprio Josh Hamilton, que num arremesso de contagem 1-1 correu para roubar a base, com Howie indo pro swing.

Hit'n'Run ativado, uma das marcas dos bons tempos dos Angels em Anaheim.

Mas como os bons tempos não são hoje, Howie rebate para território Foul e se coloca numa contagem desfavorável, 1 bola e 2 strikes. Não podendo mais arriscar um Bunt Foul, Kendrick espera pacientemente a contagem ficar cheia para tentar alguma coisa.

Dito e feito.

Kendrick chega à contagem 3-2. Momentos de tensão. Qualquer erro do pitcher é Walk. Qualquer erro dele é Strikeout. Hamilton exaltado na 1ª base. Narrador perguntando para o comentarista "você mandaria ele correr?". Comentarista respondendo "Sim".

"Vai, Hamilton!", diz o torcedor no estádio. "Vai, Hamilton!", diz o torcedor em casa. "Vai, Hamilton!", diz você, que já estava sem unhas no momento derradeiro.

Dito e feito.

Josh Hamilton parte loucamente para a 2ª base. Jason Frasor manda um Strike para Howie, e ele vai para a rebatida.

Hit'n'Run ativado, mas esses não são os bons tempos.

Howie te responde: E DAÍ?

Kendrick manda a bola láááá no meio do Center Field, num dos símbolos do time pintados no muro verde, onde o Outfield tinha deixado um buraco enquanto fazia o Shift, e já sai comemorando com as mãos para cima.

O #AntiClutch acerta uma Dupla para o centro, rasga a camisa suada e vê Josh Hamilton cruzando a Home Plate para eternizar esse jogo como um dos Melhores do Ano!



Nenhum comentário:

Postar um comentário