quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

A História dos Angels, Parte 6: Free-Spending Angels I (1982-1985)

Fred Lynn, Don Baylor, Reggie Jackson e Rod Carew. Que Line-Up!

O que uma boa grana não faz por uma boa franquia?

No post anterior, reclamamos muito sobre a vinda dos Rams pro Anaheim Stadium, sobre a expansão do estádio e sobre a falta de personalidade que ele tinha. Mas não podemos falar que ele não foi um sucesso.



Mesmo nos anos mais "meh", o time conseguia mais visitantes que em suas melhores temporadas no antigo Big A. Tirando em temporadas de Strike, o time, até hoje, só angariou menos de 2 milhões de fãs no tosco ano de 1996, quando somou para 70-91 e lanterna da divisão.

O ano de 1982 foi ótimo para os Halos. Vindos de uma paralisação, os fãs estavam ansiosos por muitas coisas. Queriam uma temporada inteira de baseball e tiveram (até um pouco mais, eu diria). Queriam uma melhor posição na tabela e foram atendidos. Queriam contratações pro time brilhar e foram surpreendidos. Aliás, todo o mundo da beisebola foi.


Bob Boone

Começando "de baixo", os Angels compraram dos Phillies o excelente Catcher Bob Boone, que virou um marco defensivo no esporte. Em 82, eliminou 58% (CINQUENTA E OITO POR CENTO) dos ladrões de base, quase o dobro do considerado "bom" hoje. Ganhou várias Gold Gloves na carreira, incluindo uma com os Angels.


Doug DeCinces

Subindo um pouco, os Angels trocaram Dan Ford pra Baltimore e receberam Doug DeCinces, o 3ª Base sólido que o time precisava desde a saída de Carney Lansford. Conseguiu os melhores números da vida profissional em 82.


Reggie Jackson, o Mr. October

E, atingindo a absoluta nata, negociaram um contrato com Reggie Jackson, um dos principais jogadores da década de 70, apelidado de Mr. October por seu ótimo desempenho em pós-temporada. "O meu maior erro foi deixar ele ir", disse George Steinbrenner, dono dos Yankees na época.


Com esses, mais os já bons rebatedores no alinhamento dos Angels, o time tinha um #1 a #9 memorável, que liderou a liga em OBP e ficou no Top 2 em várias estatísticas ofensivas daquele ano, perdendo apenas para o Milwaukee Brewers.

Com 7 dos 9 titulares tendo um Slugging maior de .400 e OPS+ positivo, o time de 82 foi baseado no ataque potente. Doug DeCinces conseguiu um louvável OPS de .917, fundamentado pelas 42 Duplas, 5 Triplas, 30 Homers e passando das 300 bases totais. Reggie Jackson seguiu de perto, com 39 HRs (que lideraram a AL) e 101 RBIs. Brian Downing (109 Runs, 37 2B, 28 HR), Fred Lynn (38 2B, 21 HR), Rod Carew (.319 AVG, 25 2B) e Don Baylor (24 HR, 24 2B, 93 RBIs) conseguiram acompanhar os novatos e fizeram desse grupo um dos mais dominantes da história Halo.

Mesmo confiando na força, Gene Mauch, o Manager, adorava um Small Ball de vez em quando, e fez Tim Foli estabelecer o recorde do time em rebatidas de sacrifício (que dura até hoje) com 26, e o time inteiro somou para 114, marca que também se mantém.

Do outro lado da bola, os lançadores também tiveram um bom ano, liderando em Corridas Permitidas por Jogo, ShutOuts e WHIP, e ficando em segundo em ERA. O corpo formado por Geoff Zahn, Ken Forsh, Mike Witt, Steve Renko e Bruce Kinson não tinha um mestre em Strikeouts da linha Ryan/Tanana, então preferiam colocar a bola no chão e deixar a boa defesa (#2 em Fielding Percentage, #13 de 14 em erros) resolver.

Na tabela, o time já começou a temporada em cima, e passou o ano brigando com Seattle, Chicago e Kansas City pela ponta. Chegando na metade do calendário em primeiro na AL West, o time rendeu 4 indicações ao All-Star Game de 1982 (Jackson, Carew, Grich e Lynn)


Com o ano acabando, a disputa acirrando e a possibilidade de Playoffs chegando, os Angels adicionaram mais profundidade à rotação, assinando com os veteranos Luis Tiant (que jogou apenas um mês) e Tommy John (é, aquele da cirurgia), um ótimo sinkerballer canhoto.

Tommy John
O final da temporada foi emocionante, com os Halos conseguindo superar, novamente, os Royals (que caíram numa espiral de desgraça no final de setembro, perdendo 10 de 11, inclusive 4 de 6 pra California) e indo pra sua segunda aparição na ALCS.



O primeiro jogo foi uma festa. Don Baylor somou 5 RBIs (todas nas primeiras 4 entradas) com Homer e Tripla. Fred Lynn Fez 3-3 com mais um HR e Tommy John arremessou o jogo inteiro, cedendo 7 Hits, 1 Walk e conseguindo 5 K's. Nessa partida, o Anaheim Stadium bateu o recorde vigente de público para uma ALCS, com 64.406 torcedores em suas arquibancadas. Os Angels faziam 1-0 na série e tinham o jogo 2 em casa (Box Score).



Na segunda partida, o jogo foi mais disputado, mas os Angels conseguiram outra vitória. Num digno confronto de arremessadores, Bruce Kison e Pete Vuckovich arremessaram Jogos Completos, com o primeiro levando a vitória. Ofensivamente, os destaques foram o Home Run de Reggie Jackson e o Small Ball de Bob Boone, com Sac Fly e Sacrifice Squeeze Bunt (Box Score).



Abrindo 2-0 na série melhor-de-5 da ALCS, a passagem para a primeira World Series parecia garantida, mas nunca se pode desconsiderar a influência do mando de campo e um time jogando contra a eliminação.

O jogo 3 foi no Milwaukee County Stadium, na frente de 50.000 pessoas. Geoff Zahn foi o Starter do time, mas durou apenas 3.2 entradas, já que os Brewers atacaram para 3 corridas na 4ª. Mike Witt fez o relevo, mas saiu no meio da 7ª, quando o time da casa anotou mais duas vezes. Andy Hassler terminou o jogo pros Halos. O ataque foi responder apenas na 8ª entrada, quando Bob Boone rebateu um Home Run e Fred Lynn e Don Baylor conseguiram RBI Doubles, mas o Comeback foi curto, e Milwaukee levou o terceiro jogo por 5-3 (Box Score).


Scorecard tematizado da ALCS de 82, distribuído no Anaheim Stadium.

Cheios de confiança, os Brewers tinham o momento ao seu lado e começaram o jogo 4 pegando fogo, abrindo 6-0 até a 4ª entrada. O Starter dos Angels foi Tommy John, que sofreu com Walks e Wild Pitches, dando corredores gratuitos pra Milwaukee e avançando-os. Fred Lynn impulsionou Reggie Jackson com uma dupla na 6ª, mas os Cervejeiros responderam com mais uma corrida. Na 8ª, ainda contra o Starter Dan Sutton no monte, Don Baylor rebateu um Grand Slam que recolocou os Angels no jogo, mas Milwaukee matou o Rally com outras duas corridas na 8ª baixa (Box Score).


A vitória dos Brewers empatou a série e eles tinham o jogo 5, o decisivo, em casa. Os Halos começaram bem, com Dupla de Downing, avanço em erro e Single de Lynn (mais tarde eleito o MVP da série) pra começar com a vantagem, mas os Brewers empataram com um Sac Fly. Na 3ª, Fred Lynn, de novo, impulsionou uma corrida com um Single, e Bob Boone deixou o time com duas pontuações de vantagem trazendo Doug DeCinces pra a Home Plate, mas um Quadrangular de Milwaukee diminuiu a liderança. Bruce Kison saiu do monte depois de 5 entradas, ganhando por 3-2. Luis Sanchez entrou e cedeu um 2-RBI Single na 7ª, com bases lotadas, que virou o jogo pro time da casa. Os Halos ainda colocaram o LeadOff Man em base na 9ª, Bob Boone o levou à 2ª com um Bunt, mas o Pinch Runner Rob Wilfong não conseguiu anotar pra empatar. Os Angels cediam um Comeback dos bons pros Brewers, e assistiram a World Series do sofá (Box Score).


Para a temporada de 83, o time teve várias perdas. Diversos jogadores viraram Free Agents, incluindo Don Baylor, por quem os Red Sox ofereceram uma proposta melhor que a renovação de contrato. Outros notáveis que foram embora foram Steve Renko Luis Tiant. Mas nem tudo foi tragédia, porque Gene Autry foi indicado ao cargo de Vice-Presidente da American League, lugar que ocupou até seu falecimento e o passou a Jackie Autry, sua esposa.


Mesmo sem contratações de peso, o time começou bem, liderou a liga por 53 dias e chegou 2 jogos atrás dos Rangers no All-Star Game, com 42-36, mas decaiu muito no final (aliás, a AL West inteira, pois só os campeões Chicago White Sox terminaram com aproveitamento melhor que .500), somou pra 28-56 na segunda metade do ano (pior da AL no período) e ficou em 5º.



Com a vinda de Ellis Valentine (e a ascensão de Juan Beniquez) pro RF e a idade chegando, Reggie Jackson virou o DH, mas não teve uma temporada brilhante como a anterior. Fred Lynn foi o melhor ao bastão no ano, somando 22 Homers, 20 Duplas e 74 RBIs, num time que só teve Rod Carew (.339, 24 Duplas) rebatendo acima dos .300. Arremessando, o time teve 7 jogadores com ERA+ acima de 100 (média da liga), mas apenas Geoff Zahn teve um ERA abaixo de 3.50 e WHIP menor que 1.30.



Em alta na época, o time teve várias indicações ao All-Star Game (Carew, Lynn, Boone, DeCinces, Jackson). Rod Carew fez 2-3 com duas corridas e uma RBI, e Fred Lynn conseguiu 1-3 em um Grand Slam, o primeiro da história do Jogo das Estrelas.



Na Offseason, o time fez algumas movimentações de praxe, pra tentar manter o time competitivo. Garantiu mais um ano de Rod Carew, então com 38 primaveras completadas, e trocou Tim Foli e Boby Clark, além de liberar Dan Aase e Andy Hassler.



A temporada de 84 quase trouxe outro caneco da AL West pros Halos. Terminaram em 2º, mas ganharam ótimos prêmios de consolação. O time ficou na briga contra Kansas City Royals e Minnesota Twins até as últimas semanas, mas fez 3-7 nos últimos 10 jogos (incluíndo 1-3 contra Kansas) e terminou o ano 3 jogos atrás.

Reggie Jackson e o 500º

Os bastões, apesar de ficarem abaixo da média da liga em quase todos os aspectos, não decepcionaram. 5 atacantes tiveram 18 ou mais Home Runs e 7 tiveram OPS+ acima de 100. Brian Downing liderou o time em RBIs (91) e em Hits (148), e Gary Pettis roubou 48 bases. Pra completar, Reggie Jackson ainda rebateu seu Home Run #500 na carreira, no jogo abaixo contra os Royals:






Se o ataque não foi brilhante, foi o suficiente para um 81-81 ao final do ano, pois a defesa e os arremessadores tiveram ótimos anos. 7 jogadores em ERA+ acima de 100 e o segundo lugar na AL em Double-Plays convertidas (170). SOMANDO o ERA de Don Aase e Doug Corbett, temos 3.72, além de 12 Saves da dupla saindo do Bullpen. A rotação somou para 11 ShutOuts e 36 Complete Games, mas um desses foi especial. No último dia da temporada, pra fechar com chave de ouro, Mike Witt arremessou o primeiro (e, até agora, único) Perfect Game na história dos Halos!


Pra completar, Rod Carew e Reggie Jackson fizeram sua aparição anual no All-Star Game, mas somaram para 0-4, com um Strikeout cada.


Pra temporada de 1985, o primeiro golpe. Contratar Free Agents é complicado. Se eles jogam mal, você perde dinheiro, mas se jogam bem, como você deseja, eles se valorizam, talvez demais, até você não conseguir pagar uma extensão. E isso aconteceu com Don Aase, John Curtis, Bruce Kison e Fred Lynn, só pra citar os mais conhecidos. Pelo menos este último rendeu uma escolha compensatória pros Halos, e eles escolheram o Closer de Atlanta, Donnie Moore, que fez o ano da carreira em 85.


O ano começou muito bem em abril para os Halos, com 14-7. Após um maio ruim, fechou a primeira metade com 52-35, indo pro All-Star Break com 6 jogos na liderança da AL West. Apesar da boa campanha, somente Moore foi eleito pro jogo das estrelas.



Então o mundo caiu. Performando pouco abaixo de .500 na segunda metade e perdendo uma série decisiva para os Royals no final de setembro (novamente, e também por 3-1), os Halos acabaram a temporada com 90-72, UM JOGO ATRÁS de Kansas City, que se sagrariam campeões daquele ano.

Scorecard de 1985, comemorando os 25 anos da franquia.

Com a boa campanha, o time conseguiu o primeiro lugar em termos de público na AL, com mais de 2.5 milhões de visitantes, e performando um bom 49-30 no Anaheim Stadium.


O ataque não rebatia para média, mas a força ainda estava lá e, com a ajuda de um bom OBP, as corridas eram impulsionadas mesmo assim. Reggie Jackson teve outro bom ano, com 27 Homers e Duplas e empatando com Brian Downing pela liderança do time com 85 RBIs. Rod Carew aparecia em cada vez menos jogos, pela idade, mais ainda era uma máquina de chegar em base, fazendo um OBP de .371 (também empatando com Brian Downing. Como era bom esse Left Fielder!), sem falar que Gary Pettis roubou mais 56 bases.



Os arremessadores também tiveram um ótimo ano, liderados por Mike Witt (15-4) e Ron Romanick (14-4), ambos com 24 anos. Stew Cliburn arrasou no Bullpen com ERA de 2.09, mas ninguém bateu Donnie Moore, com seu ERA de 1.92 e 31 Saves, marcas muito expressivas para a época. Pra dar um gás final na temporada, o time trocou dois prospectos com Oakland por Don Sutton, o lendário arremessador que fez carreira com os Dodgers. Jogou 31.2 entradas pelos Angels em 85 e somou um ERA de 3.69.

Pra comemorar a temporada em que o time completava 25 anos de existência, a KTLA fez esse ótimo especial, com entrevistas e lances marcantes da história do time. O áudio está um pouco ruim, mas vale muito a pena assistir!





Enfim, chegamos ao final. Esse post incluiria o ano de 1986, mas o texto ficou com elefantíase e fui obrigado a reparti-lo. Outro motivo também é que ele ainda ia demorar alguns dias pra sair, e dividindo, vocês ficam entretidos até o próximo, que deve sair mais ou menos no fim de semana, antes do Superbowl (claro). Então, agora oficialmente, a temporada de 1986 é assunto pro próximo Post!

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