sábado, 31 de janeiro de 2015

A História dos Angels, Parte 7: Free-Spending Angels II (1986)

Reggie Jackson. 86 era seu último ano de contrato com os Angels.
Em 1986, os Angels sofreram outro golpe duro nas finanças. Com muitos jogadores à beira da Free Agency, o time tinha uma escolha: mantê-los e pagar renovações ou correr atrás no mercado por peças de reposição. Qual opção escolher para tentar se manter competitivo?



O clube optou pela via mais segura e re-contratou a maior parte. Só Rod Carew e Juan Beniquez não ficaram no time. O primeiro aposentou gloriosamente o bastão e o segundo foi jogar em Baltimore. Escolhendo manter o time, os Halos ficaram quietos pela Offseason, sem uma grande contratação e vivendo de pequenas trocas.


E deu resultado. Aproveitando-se da química já existente no time, Gene Mauch, o Manager, fez outra ótima temporada e, dessa vez, o time não entregou o caneco no final. Com certa tranquilidade, os Angels levaram a divisão pela 3ª vez com um record de 92-70, 5 jogos na frente de Texas.


O time ainda continuava a confiar no Small Ball. O grande destaque da estatísticas era o alto OBP e o número de rebatidas de sacrifício (91, quase o dobro dos segundos colocados). Os arremessadores também brilharam como um todo, tendo médias coletivas de 1.26 WHIP (liderando a AL), 3.84 E.RA (2º), 3.87 FIP (2º), 3.0 BB/9 (empatado em 1º) e 8.4 H/9 (empatado em 1º), além de somarem o maior WAR para um time.

Nas estatísticas individuais, quem brilhou foi o novato Wally Joyner. Já vinha das minors com uma expectativa gerada por 3 anos seguidos com o OPS acima de .800, e conseguiu trazer esses resultados pro alto nível. Rebateu .290, impulsionou 100 corridas e mandou 22 bolas pra lá do muro, tudo ainda com 24 anos, o que o deu o segundo lugar na votação de Rookie Of The Year, perdendo só para um tal de José Canseco, e uma indicação ao All-Star Game, junto a Mike Witt. Reggie Jackson, já com 40 anos, fez a boa temporada de costume, e foi seguido por Brian Downing e Doug DeCinces, que foram peças importantíssimas pra conquista do caneco. Sem falar que Gary Pettis roubou mais 50 bases. Nesse vídeo, a força de reação do time. Angels perdiam de 12-5 pra Detroit no Anaheim Stadium e... bom..., digamos que Dick Schofield era um bom rebatedor.


Os lançadores também tiveram uma ótima temporada. Liderados, pra variar, por Mike Witt (2.84 ERA) e a surpresa John Candelaria (adição de meio de temporada, 2.55 ERA). O Bullpen brilhou, e todos os seus integrantes tiveram ERA dentro de 3. Doonie Moore continuou dominando como Closer e Chuck Finley, que será uma figurinha carimbada daqui pra frente, fez sua temporada de estreia.


Sendo consistente o ano inteiro e se aproveitando de surpresas e contribuição pesada de seus jogadores, os Halos se encaminhavam pra outra ALCS, contra os Red Sox. E essa foi com emoção.



O primeiro jogo foi em Boston, e contava com alguns ilustres no time de lá. Wade Boggs, Roger Clemens, Jim Rice e Bill Buckner eram nomes que ressoavam pelo mundo do baseball, além do já bastante conhecido Don Baylor.

(Infelizmente, os vídeos da série não estão mais no Youtube, então foram retirados do post. Algum dia eles voltam. O importante que o 5 ainda está online)

Não sei quem brilhou mais nesse jogo 1. Mike Witt jogou a partida inteira e cedeu apenas uma corrida e 5 Hits, levando um No-No até a 6ª entrada. O ataque fez sua parte e anotou 8 corridas, com grande participação de Brian Downing (2-5, 4 RBIs), Wally Joyner (2-4, Walk, 2 Duplas, Run, RBI) Gary Pettis e Bob Boone (2-3 com Walk, RBI e 2 corridas anotadas cada). O jogo foi praticamente resolvido nas entradas 2 e 3, quando os Halos conseguiram uma liderança de 5-0, e na 8ª, quando atacaram pra mais 3 corridas. Do outro lado, Roger Clemens começou mal, usando mais de 50 arremessos nas duas primeiras entradas, mas se recuperou e foi até a 8ª, com 143 lançamentos totais (Box Score).

O jogo 2 foi marcado pelos erros de California. Apesar do placar elástico de 9-2 para Boston, os Angels poderiam até ter ganhado o jogo. Os erros custaram 3 corridas quando o jogo ainda estava 2-2 na 5ª entrada. A defesa estava perdida em campo e o ataque sofreu com diversos fatores, desde medidas do estádio, passando pelo Sol, até o arremessador adversário, Bruce Hurst, que ficou o jogo completo. De bom, Wally Joyner rebateu o primeiro Home Run de um Rookie na Championship Series (Box Score). A ALCS estava empatada em 1-1 e a série ia pra Anaheim.

O jogo 3 teve emoção. Com o dobro de público que no Fenway, o Anaheim Stadium lotado (e seu grande Outfield) foi usado como uma arma. O jogo foi muito bem arremessado até a 7ª entrada, com John Candelaria e Dennis "Oil Can" Boyd comendo a bola, e a partida estava empatada em 1-1, até que Dick Schofield rebateu um Home Run solo e Gary Pettis seguiu com um de duas corridas, dando aos Angels uma liderança de 4-1. Na 8ª, entrou Donnie Moore e quase explodiu o jogo, chegando a ceder uma corrida com um Balk (suposto movimento que o arremessador faz para iludir corredores em base. Todos do ataque em campo avançam uma base). Com o jogo 4-3, Reggie Jackson ganhou um Walk e avançou pra 3ª num Single de DeCinces, correndo muito agressivamente. Anotou a corrida de segurança num Sac Fly de Ruppert Jones e Moore fechou a porta na 9ª, dando aos Halos a liderança na série, com mais um jogo em casa (Box Score).

O jogo 4 teve mais emoção ainda. Perdendo de 3-0 até a 9ª entrada contra Roger Clemens, os Halos conseguiram o quase-inacreditável Comeback. DeCinces rebateu um Lead Off Homer, Schofield e Boone conseguiram Singles e Gary Pettis uma Dupla. Com 2 outs e bases lotadas depois de um IBB em Ruppert Jones, Brian Downing foi acertado com o arremesso e empatou o jogo. A 9ª acabou com Grounder de Reggie Jackson, mas o momento estava com os Angels. Atrás de 3.2 entradas irretocáveis de Doug Corbett no relevo, Jerry Narron (o Catcher reserva) rebateu pra abrir a 11ª, avançou num Bunt e foi pra Home numa rebatida de Bobby Grich (Box Score).


Acabou. Os Angels faziam 3-1 na série e iam para a World Se... hein? O quê? Ah, sim, tem isso.

Em 1985, a ALCS mudou seu formato pra uma melhor-de-7. Logo, um time precisava vencer 4 jogos pra se sagrar campeão da American League. Mas, como os Angels tinham 3-1 e ainda o jogo 5 em Anaheim, tava no papo não?

Não.


O jogo 5 é famoso. Não de uma boa maneira para nós, entretanto. Mike Witt começou no montinho e cedeu Home Run de duas corridas já na 2ª entrada. Na 3ª baixa, Bob Boone conseguiu um Homer de LeadOff, mas o ataque só conseguiu acordar de vez na 6ª, quando uma Flyball de Bobby Grich foi meio que "empurrada" por cima do muro pelo CF de Boston, e resultou num 2-Run Home Run que deu a virada aos Halos. Na 7ª, Dupla de Rob Wilfong anotou Devon White e Sac Fly de Brian Downing trouxe Gary Pettis para cruzar a Home Plate e fazer 5-2 Angels, faltando 6 outs pra vitória na série.

No topo da 9ª, os visitantes iniciaram uma reação, com Single de Bill Buckner e Home Run de Don Baylor, que deixaram o placar 5-4. Depois de um PopFly que contou para a 2ª eliminação da última entrada, Gene Mauch tira Mike Witt do jogo.

Ao meu ver, o maior erro da série. Maior que os do jogo 2, maior do que o que estava por vir ainda nessa partida. Witt estava jogando muito bem, e a situação (9ª entrada, 2 outs, ninguém em base) ajudava. Entra o LOOGY Gary Lucas pra fazer seu papel e eliminar o canhoto Rich Gedman, o Catcher de Boston, que já havia rebatido um Homer na partida. E, no primeiro arremesso, ele é acertado com a bola. Na cabeça.

Sem danos aparentes, Gedman vai pra primeira base e dá vida nova aos Sox. Lucas sai, sem cumprir sua meta, e dá lugar a Donnie Moore. Escolha totalmente sábia, colocar o Closer. O cara do ERA de 2.97 e dos 21 Saves. Ninguém pensava diferente. Destro pra enfrentar destro. Tudo encaixava. Não havia como dar errado.

Mas todas as grandes séries têm seus grandes nuances. Depois de 6 arremessos e numa contagem 2-2, Moore lança uma forkball no canto externo inferior, a bola característica do Strikeout. Mas não foi um Strikeout. A bola não quebrou tanto pra baixo como deveria. E Dave Henderson, o cara que ajudou a bola de Grich a virar um Home Run, rebateu um pra ele próprio e pro seu time, que virava o jogo de forma histórica. Um dia depois de os Angels terem saído de uma desvantagem de 3 corridas na 9ª entrada, o destino os faria sentir como era o outro lado.

Mas o jogo ainda não tinha acabado, e os Halos ainda tinham um turno de ataque. E o time o agarrou com unhas e dentes. Bob Boone rebateu pro LF e foi substituído por Ruppert Jones, Pinch Runner, na 1ª Base. Este avançou à 2ª com um Bunt de Gary Pettis, um dos melhores jogadores da série, e anotou numa rebatida simples de Wilfong, empatando a peleja.

Mas o jogo ainda não tinha acabado. Dick Schofield rebateu outro Single e colocou corredores nas esquinas, com o Baserunner da vitória a 90 pés do objetivo. Só precisavam de uma rebatida, um Wild Pitch ou uma FlyBall longa o suficiente. Mas nada feito. Brian Downing foi colocado em base intencionalmente, Doug DeCinces rebateu um Fly pro RF que não foi suficientemente longe e Bobby Grich sofreu um LineOut pro Pitcher.

Com a moral baixa e sem momento, o time não conseguiu segurar o jogo nas extras, e teve sorte de limitar os Sox a uma corrida quando tinham bases cheias e 0 outs na 11ª. O topo do LineUp foi eliminado em ordem na parte baixa e os Halos entregavam o jogo 5, fazendo 3-2 na série e levando a ALCS de volta pra Boston.

O que a vantagem de campo não faz. O jogo 6 começou maravilhoso para California, com 2-0 no placar na 1ª entrada, mas as bases lotadas que foram deixadas fizeram falta. Na parte baixa da mesma, Boston empatou sem sequer conseguir uma rebatida em cima de Kirk McCaskill que, apesar de ter uma temporada regular maravilhosa em 86, foi muito mal nos Playoffs. A casa caiu na 5ª, quando os mandantes anotaram 5 corridas para a liderança definitiva da partida, e administraram até o final, ganhando de 10-4. Pelo menos Brian Downing rebateu um Home Run por cima do Green Monster! (Box Score)



Não é exatamente legal escrever sobre esse jogo logo depois de vê-lo. Ainda mais quando você olha na Box Score e vê que seu time cedeu 7 corridas em ERROS. Considere que o placar foi 8-1 pra Boston e você entenderá o que quero dizer. Por outro lado, temos que reconhecer os esforços de Roger Clemens, que arremessou 22.2 entradas na série. O ataque dos Halos foi completamente dominado nesse jogo, e só conseguiu fazer algo na 8ª, quando já era tarde demais. A pressão estava com California, e eles não conseguiram lidar com ela no jogo principal, o final, o 7.

O time perdia, pela segunda vez em 5 anos, uma série em que liderava por muito, e ninguém conseguia descobrir o que estava errado.

Solução?

Reconstrução do elenco. Mas isso é história pro próximo Post!

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